Convocado para a defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo a partir do dia 14 de setembro, no Uzbequistão, Felipe Valério recorda a frase que o motivou a começar a sua trajetória no Futsal: “Vamos comigo”. O convite insistente era do seu irmão, Rafael Valério. "Era uma parceria para não ir jogar sozinho. Ele me chamava” relembra.
Felipe tinha apenas cinco anos e gostava mesmo de empinar pipas, mas seu irmão acreditava que ele deveria investir no futsal e em ter um diferencial. "Lembro de passar horas jogando na quadra perto de casa, no Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo. Meu irmão me treinava, insistindo para que eu chutasse de esquerda. Foi assim que comecei a gostar cada vez mais", conta Felipe, que vai disputar o seu primeiro Mundial no próximo mês..
Foram as quadras da comunidade que formaram Felipe como jogador de futsal. No entanto, a virada em sua carreira veio quando ingressou no Carlos Barbosa, clube do Rio Grande do Sul, referência na modalidade. Lá teve acesso a uma estrutura profissional de futsal, com treino e alimentação.
O apoio da família foi crucial para Felipe durante os primeiros anos. "Minha mãe, meu pai e meu irmão sempre estiveram ao meu lado. Apesar das dificuldades financeiras, nunca me deixaram faltar nada", lembra Felipe. Porém, o suporte não veio apenas da família. Com a separação dos pais e desafios financeiros, sua esposa Laritsa foi um pilar fundamental. "Ela me ajudou a continuar treinando quando eu não tinha condições. Ela acreditou em mim e me apoiou financeiramente. Pagava meu transporte para ir para o treino", revela emocionado.
Estreia na Seleção Brasileira
A trajetória de Felipe ganhou um marco importante em 2017, quando, apesar das dúvidas e da falta de expectativas, recebeu uma convocação inesperada para a Seleção Brasileira de Futsal. "Eu estava em casa, fazendo macarrão, quando recebi a ligação do Marquinhos, o superintendente da Seleção. Ele me disse que eu estava convocado para as despedidas do Falcão e a Copa América. Foi um momento surreal", descreve ele.
Esse marco levou Felipe a conquistar dois títulos da Copa América com a Seleção Brasileira, em 2017 e mais recentemente no Paraguai. A vitória na Copa América de 2017, realizada na Argentina, foi particularmente marcante. "Ficamos atrás no placar, mas conseguimos virar na prorrogação. Foi uma vitória emocionante contra a Argentina, que tinha acabado de vencer a Copa do Mundo", enfatiza Felipe.
Copa do Mundo FIFA Uzbequistão 2024
Com a próxima Copa do Mundo à vista, Felipe avalia o torneio e as chances do Brasil. "A competição está muito equilibrada, mas acredito que o Brasil tem um grupo forte. Se jogarmos coletivamente, teremos grandes chances", afirma o ala de 31 anos.
O Brasil está no Grupo B, ao lado de Cuba, Croácia e Tailândia. Líder do ranking mundial da Fifa, a Seleção Brasileira chega como grande favorita ao lado de Portugal e Espanha. Mas ele destaca a importância do trabalho coletivo para superar adversários. "A coletividade vai fazer a diferença. Se conseguirmos jogar juntos, a individualidade vai se destacar naturalmente."