Zagallo e Pelé distribuem autógrafos durante a Copa do Mundo de 1970Créditos: FIFA/Reprodução
Nesta sexta-feira (9), Mário Jorge Lobo Zagallo, o maior vencedor de Copas do Mundo da história, completaria 93 anos de vida. Único tetracampeão mundial, o Velho Lobo faleceu no dia 5 de janeiro deste ano, aos 92. Sua longeva carreira no futebol teve como destaque a conquista dos Mundiais de 58 e 62, como jogador, do Tri em 1970, como treinador de uma maiores seleções de todos os tempos, e do Tetra em 1994, como coordenador técnico da conquista liderada por Parreira.
Zagallo foi revelado pelo FlamengoCréditos: Divulgação
"O Zagallo merece ser sempre celebrado. Ele é um orgulho do futebol mundial e terá sempre o seu legado reverenciado pela CBF", afirmou o presidente Ednaldo Rodrigues.
Nascido na cidade de Atalaia, município de Alagoas a 48 km de Maceió, o filho de Haroldo Cardoso e de Maria Antonieta se mudou para o Rio de Janeiro aos oito meses de idade e trilhou sua trajetória nos certames cariocas. Com passagem pelas categorias de base do America-RJ, ele foi revelado pelo Flamengo em 1951 e convocado para a Copa de 58 pelo futebol apresentado no Rubro-Negro. No Mundial da Suécia, marcou um dos gols da goleada por 5 a 2 sobre os donos da casa.
Em seguida, transferiu-se para o Botafogo, onde também conquistou fez história e conquistou o coração dos torcedores. Jogou pelo Glorioso até 1965, ao lado de craques como Garrincha, Didi e Nilton Santos. Rivais, Flamengo e Botafogo têm a paixão e a gratidão por Zagallo em comum. Apesar de ter começado sua carreira na Gávea, é ídolo de General Severiano. Desde 2014, no dia 9 de agosto, aniversário do Velho Lobo, o Dia do Torcedor do Botafogo é celebrado.
Nilton Santos, Garrincha, Didi e Zagallo são ídolos do BotafogoCréditos: Divulgação
Zagallo deixou o campo, mas não o futebol
Longe dos gramados a partir de sua saída do Botafogo, Zagallo não se afastou do futebol. Muito pelo contrário. Chegou à beira do gramado para treinar o Botafogo em 1966 e foi campeão brasileiro em 1968. No ano seguinte, assumiu a Seleção Brasileira para comandar a conquista do Tri, com um time formado por lendas como Alberto Torres, Clodoaldo, Jairzinho, Rivellino, Tostão, Gérson e o maior de todos, Pelé.
Antes de retornar à Seleção para a campanha do Tetra, passou por clubes como Vasco, Fluminense, Botafogo, Flamengo e Bangu, além das seleções de Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos e da equipe saudita Al-Hilal, ao longo de mais de 20 anos. Em 1991, o então treinador da Amarelinha, Carlos Alberto Parreira, convidou Zagallo para ser o coordenador técnico do Brasil e ajudá-lo a conquistar a Copa de 1994. A parceria foi bem-sucedida com o título nos pênaltis sobre a Itália, nos Estados Unidos.
Após a conquista, ele voltou a ser o técnico da equipe e liderou o ciclo até o Mundial de 1998, na França, vencendo as Copas América e das Confederações em 1997. Poderia ter adicionado a quinta estrela ao uniforme verde e amarelo, mas foi superado na final para os franceses.
Chegada da Seleção Brasileira de 1970 no Brasil após o tricampeonato no México. Zagallo e Carlos Alberto TorresCréditos: Arquivo Nacional
Após a derrota, Zagallo deixou a Seleção e treinou a Portuguesa-RJ e o Flamengo. Neste, inclusive, levantou a taça do Carioca de 2001, título muito especial para o clube graças ao gol de falta de Petkovic contra o Vasco nos minutos finais da decisão.
Mas Zagallo é sinônimo da Seleção Brasileira e aceitou novamente o convite de Carlos Alberto Parreira para trabalhar na comissão técnica até a Copa de 2006, na Alemanha. O quinto título mundial, porém, não veio para o alagoano, que antes conquistou a Copa América de 2004 e a Copa das Confederações de 2005. Após a Copa do Mundo, aposentou-se definitivamente do futebol.
Zagallo é sinônimo de Seleção BrasileiraCréditos: Lucas Figueiredo/CBF
Homenagens
Em alusão à vida de Zagallo, a CBF o homenageou na vitória do Brasil sobre a Inglaterra por 1 a 0, em março, no Estádio de Wembley. Foi a primeira partida da Amarelinha após o falecimento de um dos maiores responsáveis pela construção da grandeza da Seleção Brasileira. Os atletas vestiram uma camisa com um patch comemorativo, e o capitão da equipe jogo, Danilo, carregou uma flâmula especial.
Patch em homenagem a ZagalloCréditos: Rafael Ribeiro/CBF
Sua histórica carreira e vida também foram lembradas na disputa da Supercopa Rei, com um minuto de silêncio no minuto 13, número especial para o maior campeão mundial da história, e com um painel estampado na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Além disso, desde 2022, Zagallo tem uma estátua em sua homenagem no Museu da Seleção Brasileira, em uma sala onde ficam as cinco taças da Copa do Mundo. O Velho Lobo foi um dos responsáveis por quatro.
Zagallo Eterno - CBF homenageia o único tetracampeão mundial com grande painel na fachada da sede da entidadeCréditos: Joilson Marconne / CBF